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Na manhã do dia 14 de maio, quarta, a Didática VII da Universidade Federal de Sergipe (UFS) recebeu a aula inaugural do curso "Justiça de gênero, territorial e climática: formação de escutadeiras, defensoras populares dos corpos-territórios", promovido pelo Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC), através do Observatório Popular das Violências e pela vida das Mulheres de povos e comunidades tradicionais de Sergipe (OPOPVida/UFS).
O curso é fruto do Intercâmbio Mulheres das Águas, realizado em dezembro de 2024 na cidade de Porto Alegre em parceria com a Clínica Feminista Antirracista Interseccional da UFRGSS (CLIFAI). Naquela época, as marisqueiras de Sergipe realizaram encontro com diferentes grupos de mulheres do sul e puderam conhecer e construir caminhos de cuidados em seus territórios. Foi a partir daí que o Curso de Escutadeiras surgiu em Sergipe, buscando aprofundar as reflexões traçadas durante o intercâmbio e promover novas políticas coletivas de cuidado.
Mulheres de diferentes movimentos sociais participam da aula inaugural do curso de Escutadeiras | Evy Oliver
Constituído por mulheres de diversos movimentos sociais como o Mulheres Arteiras Sergipe, o Movimento de Marisqueiras de Sergipe (MMS) e a Juventude do Fórum de Povos e Comunidades Tradicionais de Sergipe, coletivos e a equipe técnica do Programa, a aula inaugural serviu como marco da atividade formativa continuada que acontecerá até novembro deste ano. Com objetivo de promover a construção de tecnologias de escuta enquanto instrumento político de enfrentamento às violências, o curso pretende também privilegiar os saberes e metodologias tradicionais, utilizando-se de rodas de conversa, discussões e reflexões coletivas. A metodologia adotada neste primeiro encontro, segundo a psicóloga e pesquisadora do PEAC, Luísa Silveira, seguiu a proposta do oráculo dos feminismos. “Todas as metodologias do curso são voltadas à construção conjunta com as mulheres através da fala e da escuta de si e dos relatos sociais. Hoje, por exemplo, usamos o método do oráculo dos feminismos com a intenção de enaltecer diferentes filósofas feministas e as mulheres presentes no curso. Desse modo, buscamos compreender também que as mulheres dos movimentos que aqui estão são produtoras de conhecimento”, explica a pesquisadora.
Oráculo dos femininismos, metodologia utilizada na aula inaugural do Curso de Escutadeiras | Evy Oiver
A doutoranda em Educação da UFS, mulher indígena e uma das convidadas especiais da aula inaugural, Carleane Soares, reforça a importância do curso de escutadeiras possibilitar o protagonismo dos saberes originários na construção do conhecimento. “Esse movimento de escuta é muito importante e é a partir das nossas vivências e dos nossos territórios que podemos contribuir com a Universidade. É aqui neste espaço que historicamente nos foi negado que estamos fortalecendo nossa retomada”, explica.
Carleane Soares, doutoranda em Educação e mulher indígena | Evy Oliver
O Curso acontecerá quinzenalmente até o final de novembro e tem como propósito a concepção de um produto final: elaborar projetos artesanais de escuta nos territórios Analisando seus contextos, suas vidas, e as necessidades das comunidades, produzindo um projeto robusto de técnicas de cuidado, sensibilidade e noções de rede coletiva que atenda as mulheres e seus corpos-território.
A realização do PEAC é uma medida de mitigação exigida pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo IBAMA.
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.