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PEAC-UFS participa da Festa da colheita da mangaba do Santa Maria

  • 24-01-2022

“Mangabeiras são vidas que salvam outras vidas”. Com este mote, e mesclando cultura popular, celebração ecumênica e alimentação saudável e coletiva, famílias que praticam o extrativismo da mangaba e preservam o ecossistema realizaram, no último sábado (22/01), a primeira edição da “Festa da Colheita da Mangaba do bairro Santa Maria”.

Organizada pela Associação de Catadoras e Catadores de Mangaba Padre Luis Lemper, a atividade reuniu uma série de instituições, grupos e representantes políticos, de diferentes partidos, que se comprometeram em reunir esforços para ajudar na resistência da comunidade às ameaças que tem enfrentado, a exemplo da construção de um empreendimento da Prefeitura de Aracaju que promove diversas injustiças socioambientais.

Ressaltando a necessidade de políticas públicas que garantam a preservação dos modos de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais, integrantes do Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC/UFS) participaram da atividade e reafirmaram o apoio às famílias na defesa dos seus direitos territoriais.

Comentando sobre este projeto do poder público municipal, a professora Christiane Campos, do PEAC/UFS, alertou que “a vegetação que formava a zona de amortecimento, que é uma exigência legal para se criar reserva extrativista e que é importante para reduzir os efeitos de borda do empreendimento, foi retirada pela Prefeitura. Além disso, o projeto ainda prevê a retirada de dezenas de mangabeiras, a árvore símbolo de Sergipe, que deve ser preservada”.

Vale lembrar que, em dezembro de 2020, uma equipe formada por membros do PEAC e da Associação de Geógrafos Brasileiros produziu um relatório multidisciplinar com elementos técnicos que podem subsidiar decisões em favor dos direitos dessas famílias.

O documento - entregue tanto à comunidade quanto a órgãos públicos, como o Ministério Público Federal - apresenta uma análise ambiental da área (meio biofísico e impactos ambientais cumulativos), dados socioespaciais (histórico de ocupação e atividade extrativista na área, ações do Estado e pressão imobiliária, aspectos socioeconômicos, culturais e os direitos territoriais das comunidades tradicionais) e propostas, a exemplo da criação de uma reserva extrativista em área maior que a proposta da Prefeitura, garantindo a permanência da comunidade extrativista.

Fruto da organização e mobilização em defesa dos seus direitos, as famílias mangabeiras conquistaram o início da negociação com a Prefeitura e estão esperançosas de que o poder público reveja o projeto, de modo a garantir a preservação da natureza e do trabalho extrativista da comunidade.