Marisqueiras se reúnem em Aracaju para I Encontro Inter-regional
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26-09-2013
Os dias 21 e 22 de setembro de 2013 marcaram um importante momento na organização de marisqueiras originárias de comunidades de São Cristóvão, Aracaju, Indiaroba, Estância e Pirambu. Integrando um dos projetos desenvolvidos pelo Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras – PEAC, elas participaram do I Encontro Inter-Regional das Marisqueiras, realizado no Riverside Hotel, em Aracaju.
Marisqueiras participam de cerimônia de abertura do encontro
Com uma programação voltada para a reflexão e formação, as marisqueiras acompanharam, no primeiro dia, uma palestra com o professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Cristiano Ramalho, que tratou da temática “Os desafios da pesca artesanal na sociedade capitalista”. Cristiano apresentou um panorama histórico sobre a atividade da pesca, marcada pela violência, discriminação e racismo, e a luta das mulheres que mudaram a história de organização das colônias, além da lei 11.959, que reconhece as mulheres como pescadoras.
Cristiano Ramalho em sua abordagem histórica sobre a pesca e a marisqueira no Brasil
No segundo dia de atividades, a representante da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP), Márcia Alves, falou sobre “A organização política das pescadoras no Brasil”. O momento inicial da sua palestra contou com uma atividade de integração que buscou valorizar elementos como a bandeira, a água, a terra e as sandálias, que representam a atividades das profissionais da pesca, atividade seguida do hino da campanha por território pesqueiro. Márcia ainda destacou as ações da ANP e exibiu um filme sobre a importância da articulação das trabalhadoras.
Atividade de integração com as Marisqueiras
Márcia Alves apresentou a ANP as mulheres presentes
Como último item da programação, as mulheres se reuniram em três grupos de discussão sobre as temáticas “gênero e participação política”, “trabalho e renda” e “questão ambiental”, quando foram levantados pontos de reivindicação. As problemáticas e soluções foram sistematizadas em um documento denominado “Pacto de Lutas”, que levantou objetivos a serem alcançados pela Comissão Articuladora do Movimento das Mulheres Marisqueiras, formada na ocasião do encontro.
Grupos de Discussões permitiram as mulheres discutirem sobre as suas principais lutas
Socialização dos Grupos
Atividade permitiu a reflexão das mulheres a respeito da sua atividade
Para a técnica responsável pela mobilização e realização do encontro, a assistente social Ticiane Santos, o evento é um divisor de águas para a vida das pescadoras e para a equipe técnica do PEAC dedicada a essas profissionais. “O encontro foi um grande desafio para a equipe. Sabemos que historicamente a mulher não tem a cultura da participação e nos surpreendeu o resultado da mobilização. Mais de 100 marisqueiras estiveram conosco. Esperamos que a criação da Mobilização das Marisqueiras de Sergipe realmente se realize por ter surgido da iniciativa delas, da vontade delas. Esse encontro também sinaliza um novo início e é um marco em nosso trabalho e na dinâmica do cotidiano delas”, destacou Ticiane.
A assistente social Ticiane Santos ressaltou a importância do momento
“A realização desse encontro para mim foi um sonho, uma realização”, disse a marisqueira Ana Elísia Costa, ao relatar que este foi um importante momento para compartilhar o esforço, a expectativa por melhorias nas condições de trabalho e o acesso a políticas públicas. Já a participante Sione Conceição disse que o momento também foi de aprendizado. “Vou levar para a minha comunidade muita bagagem. Este encontro foi muito produtivo para nós marisqueiras. Aqui retomamos a esperança do reconhecimento da nossa atividade, pois a luta é grande, mas o reconhecimento muito pouco”, frizou a pescadora.
Ana Elísia ressaltou a importância do momento
As participantes são originárias das comunidades de Rita Cacete e Apicum (São Cristóvão); Mosqueiro, Areia Branca e Bairro Industrial (Aracaju); Carapitanga (Brejo Grande); Pontal e Terra Caída (Indiaroba); Praia do Saco, Tibúcio, Muculanduba e Porto do Mato (Estância); Pedra Furada e Rua da Palha (Santa Luzia do Itanhi) e da sede Pirambu.
As mais de cem marisqueiras reunidas no final do evento