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Os desafios e as possibilidades de estratégia para a organização comunitária foram os temas que nortearam o Curso de Formação Política em Educação Popular e Trabalho de Base, voltado às conselheiras e aos conselheiros da 5ª gestão do Conselho Gestor do Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC). Realizado nos dias 2 e 3 de agosto no povoado Areia Branca, em Aracaju, o curso foi conduzido pelo educador popular Ranulfo Peloso, autor do livro “Trabalho de base”, da Editora Expressão Popular.
O curso foi conduzido pelo educador popular Ranulfo Peloso
O curso compõe uma série de encontros planejados junto ao Conselho Gestor com o objetivo de intensificar a formação política das lideranças comunitárias para a organização popular de suas respectivas comunidades. A partir da metodologia freireana dos círculos de cultura, o evento foi conduzido de maneira participativa e dialógica, abrindo espaço para potencializar a diversidade de vozes e promover a troca de experiências.
O povoado Areia Branca foi escolhido, portanto, como cenário central do curso, levando em consideração a diversidade e a riqueza de experiências agroecológicas sendo realizadas na comunidade. Divididos em quatro grupos, as participantes e os participantes do curso puderam conhecer quatro experiências realizadas por moradores da comunidade local, envolvendo casas construídas a partir da técnica de bioconstrução; tecnologias sociais de energia renovável e melhor aproveitamento do ciclo da água; manejo da terra a partir da jardinagem agroecológica e criação de aves.
A diversidade e a riqueza de experiências agroecológicas foi o ponto central do intercâmbio
“Fiquei impressionado com tudo o que a gente pode fazer sem saber, porque a gente sempre pensa que não é capaz de criar tecnologias, de construir as coisas. Hoje eu vi tecnologias sociais que nunca tinha visto, que nunca teve na minha comunidade e que é possível construir e usar de forma coletiva”, afirmou o conselheiro Domenício José dos Santos, morador do município de Brejo Grande.
Participantes conhecem técnicas de bioconstrução
O intercâmbio de experiências foi essencial para potencializar a troca de conhecimentos e sabedorias populares sobre o uso dos recursos naturais voltado à reprodução dos diversos modos de vida, valorizando assim os princípios agroecológicos de autossuficiência, soberania alimentar, manejo sustentável da terra, entre outros.
Essa foi a principal conclusão das/dos participantes do curso a partir da socialização de experiências. “Eu participei do intercâmbio de Jardinagem Agroecológica e aprendi muito mais sobre como juntar plantas de frutas e de jardim sem usar nenhum produto químico, as plantas se comunicam entre si. Quando eu voltar para a minha comunidade, vou juntar as pessoas para trocarmos esses conhecimentos e pensar em como melhorar a produção local”, explicou a pescadora artesanal Ana Rute, moradora do município de Estância e membro do Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS).
Conhecimentos em jardinagem agroecológica foram trocados entre os participantes
Educação Popular
“A educação popular é a melhor pedagogia para coletar do povo o que o povo já sabe, porque ela acolhe o senso comum, problematiza as ‘certezas’ e contribui com a partilha do saber acumulado da prática social, desde que voltada à transformação social”, afirmou Ranulfo Peloso na condução do Curso de Formação.
A partir do debate sobre a indissociabilidade do tripé organização, ação e formação para a efetiva mobilização comunitária, o educador apresentou possibilidades de estratégias voltadas ao fortalecimento popular através de ações e práticas de trabalho de base. “Não podemos simplesmente acusar as pessoas de não se interessarem pela atuação na comunidade, é preciso compreender o que move as mentes e os corações. Seja uma reunião na igreja local, uma festa tradicional da comunidade ou uma aparentemente simples reunião de mulheres para costura coletiva, qualquer sinal de interação que possa reunir as pessoas em torno de um interesse comum pode se transformar em um espaço de conquista e de luta. Para isso, é preciso ter a sensibilidade de compreender o que move as pessoas”, explicou Ranulfo.
Curso de Formação foi embalado pelo encontro dos sambas de coco
Além dos debates políticos, o Curso de Formação também contribuiu para potencializar a cultura popular através da realização do Encontro de Sambas de Coco, evento que reuniu os grupos de samba de coco da Ilha Grande – em São Cristóvão -, Mosqueiro e Areia Branca, em Aracaju. “Compreende-se que, para lutar e defender seu território, é essencial pensar na valorização da cultura local”, afirmou o analista de projetos do PEAC Ram Sashi.
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.