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Gastronomia, arte, música e dança fazem parte do evento e compõem a diversidade cultural exposta e comercializada por representantes de 68 comunidades tradicionais
O primeiro dia da V Feira Cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais foi embalado por muita animação e forró, apesar da chuva. O evento teve início às 19h no Oceanário de Aracaju com a exposição e comercialização dos produtos de 68 comunidades. A Feira compõe a programação do XI Encontro do Programa de Educação Ambiental (EPEAC) e objetiva evidenciar o protagonismo destes povos com o encontro cultural.
Licores, cocadas, mariscos, artesanatos e biojóias foram feitos pelas mãos das marisqueiras, catadoras de mangaba, pescadores, camponeses e camponesas que compõem a riqueza dos territórios costeiros através da gastronomia, arte, música e dança.
Histórias de vida
Jozinete dos Santos é artesã e esteve presente no evento. Moradora do povoado Maracujá, no município de Pacatuba, ela trabalha com a palha de taboa produzindo diversos tipos de bolsas. “A taboa é uma atividade que a gente exerce desde a infância. É uma cultura que vem dos nossos avós”, conta. Além das bolsas, o mel e o licor de fruta são outros produtos feitos pelas mãos dessa artesã, mãe e praticante da atividade pesqueira. Jozinete conta que está sempre aprendendo e procurando novas coisas para fazer.
Para muitos, o artesanato garante o sustento da família. É o caso de Maria das Dores (58), do município de Pirambu. Há quatro anos produz bolsas de ouricuri e paneiro, dividindo seu tempo sendo catadora de mangaba, pescadora e artesã. Em meio aos desafios da profissão, Maria afirma gostar do que faz.
O mesmo é dito por Uilson da Silva (44), morador do bairro Santa Maria em Aracaju. “Eu não sou feliz, eu sou extremamente feliz”, diz. Ele faz parte de um grupo de 31 anos de existência, uma associação de 11 famílias de catadores e catadoras de mangaba que sobrevivem da colheita deste produto. “Estamos todos juntos em defesa das mangabeiras, em defesa de uma área restante. É a última área de extrativismo”, ele conta. Wilson nasceu em Brejo Grande e veio para Aracaju aos 11 anos em busca de uma vida melhor. Têm a comercialização da mangaba como renda principal e garantia de sustento familiar com o aproveitamento dessa fruta. “A experiência da mangabeira é uma vida que defende outras vidas. Não só a mangaba, toda a biodiversidade é a nossa riqueza”, afirma.
Feira Cultural
Também estiveram presentes no evento: Forrobodó Vinil Sound System, Grupo de Teatro Raízes Nordestinas, Karmen Korreia e o Samba de Coco do Mosqueiro com a participação de Madá e Adelaide.
A programação da Feira vai até hoje, 8 de junho, com a Quadrilha Rosa dos Ventos, Robson do Rojão, DJ Grau, Batucada Improviso do Quilombo Ponta de Areia e apresentações de espadas entre as atrações.
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.