Carregando...

ENTRE CORES, SABERES E SABORES: A II FEIRA DAS MARISQUEIRAS DE SERGIPE CHEGA À ARACAJU

  • 01-12-2025
Evy Oliver e Acessoria de comunicação

ENTRE CORES, SABERES E SABORES: A II FEIRA DAS MARISQUEIRAS DE SERGIPE CHEGA À ARACAJU

A maré encheu! Movidas pelos encantos dos territórios tradicionais, o Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS) realizou a II Feira Cultural “Da Cata ao Prato”. Recheada de atividades, reuniu cultura, culinária, artesanato, espaços de cuidados e formativos. A feira celebrou toda a potência da sergipanidade das mulheres marisqueiras de Sergipe, seus saberes, lutas e os caminhos traçados para o bem-viver.

Abertura e Mostra Cultural

​Nos embalos da Avenida Ivo do Prado e dos ventos do Rio Sergipe, o Museu da Gente Sergipana foi palco do espetáculo marisqueiro! Em parceria especial entre o MMS, a equipe técnica do PEAC e o apoio cultural do Museu, nos dias 31 de outubro e 1 de novembro, a II Feira "Da Cata ao Prato" foi para o mundo. Abrilhantando a noite do dia 31, o pátio do Museu recebeu o coquetel de abertura, uma homenagem do Movimento das Marisqueiras à deputada estadual Linda Brasil e a mostra cultural: “Mulheres do Manguezal”. A mostra contou com a exibição do curta-metragem “Vozes do Manguezal: o legado das mulheres marisqueiras”, com direção de Katharyna Almeida, bem como uma roda de conversa entre a realizadora e as marisqueiras de Sergipe. E não parou por aí: a noite foi embalada pelas ondas musicais com o show de abertura do grupo ElaSambô.

Manhã do Dia 1º: Arte, Infância e Formação

​E as rainhas do mangue não param! A manhã do dia 1º de novembro iniciou com muita arte e alegria. As marisqueiras trouxeram aos olhos dos presentes a Performance das Marisqueiras, uma apresentação artística na qual elas contam sua trajetória por meio da dança e da música.
​Trazendo a magia do teatro, o Coletivo Cidade e o Coletivo Cidade Catarse movimentaram as águas da Tenda da Ciranda, utilizando a contação de história, desenhos e pinturas, e rodas de conversa. O grupo uniu o lúdico ao político, possibilitando um encontro entre as artes e a experiência formativa para as crianças presentes na Feira.
Para Stefany, estudante de Teatro na Universidade Federal de Sergipe e integrante do Coletivo Cidade, o espaço da tenda infantil foi potencializador de aprendizados: “Eu adorei a tenda das crianças, porque a gente aprendeu tanto com elas, quanto com as moças que estavam ali. Além do que a gente propôs para as crianças, elas também ensinaram coisas da vivência delas, lendas e mostraram objetos que são muito legais e a gente vai poder usar tanto no nosso dia a dia quanto no nosso trabalho. Eu adorei”, relata.

​A dinâmica da Tenda da Ciranda consistiu num espaço conjunto e ativo para as crianças, os coletivos e as marisqueiras cirandeiras das comunidades, que estavam construindo a atividade dentro da Feira.



Culinária, Artesanato e Cuidado

​E a teia da programação só cresceu! A manhã foi puro movimento, com almoços regados a música e cultura. A Feira recebeu a cantora Lari Lima, abrilhantando o átrio do museu com uma apresentação voz e violão.
​Nos mariscos e na cultura, as marisqueiras ministraram uma oficina de produção de biojoias – “Tricotando Marés” – por Adriana Hora, Cristiane Dias e Maria Assunção (MMS). A oficina teve como objetivo a conversa, a troca e o ensinamento no que tange à produção de artesanato agroecológico, adereços que são feitos com materiais naturais oriundos da cata e beneficiamento dos mariscos, as biojoias.
​Na luta e no cuidado, a Feira contou ainda com a Tenda de Cuidados, produzida e mantida pelas Marisqueiras de Sergipe em parceria com o Movimento Popular de Saúde em Sergipe (MOPS). Foi um espaço de massagens, meditação, práticas de relaxamento do corpo e mente, pensando e trazendo a importância do cuidado e descanso, mesmo no exercício do trabalho.

 


​No campo dos alimentos, a Feira celebrou as cozinhas tradicionais dos territórios promovendo uma oficina de culinária: “Da Cata ao Prato”, que se dedicou a falar, fazer e degustar as comidas que alimentam os territórios, os alimentos das comunidades e a relação das marisqueiras com o fazer alimentício. Para além da cozinha, um modo de viver e olhar os mariscos, as águas, a natureza e a vida que ela nos dá.

 


Debate e Encerramento

​E não parou por aí! A tarde foi recheada de atividades voltadas para a realidade dos territórios e das mulheres marisqueiras. Após a Oficina de Culinária, a Feira contou com a roda de conversa: “Impactos Ambientais na Mariscagem e os desafios da Cata ao Prato”. O espaço contou com a presença de Elienaide Flores, Geonísia Vieira e Ana Elísia Pereira (MMS), Zezé Pacheco, representando o Movimento Popular dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP), e Daniela Bento, representando o Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras (CPP), além de Mônica Vieira, como representação institucional da Superintendência de Patrimônio da União em Sergipe (SPU/SE).
​A roda dedicou-se a pensar, dialogar e trazer para o centro do debate as questões que permeiam a luta em defesa dos territórios tradicionais de vida, as demandas das mulheres marisqueiras, as opressões que se correlacionam no território e os desafios para a manutenção da mariscagem enquanto ofício das mulheres marisqueiras. Racismo ambiental, especulação imobiliária, carcinicultura e a negligência do Estado nas demarcações e nomeações das terras da União foram alguns dos temas discutidos na roda.
​Para Zezé Pacheco, a discussão foi um momento rico, pois possibilitou a troca de ideias por pessoas e olhares diversos: “Foi importante ouvir Daniela Bento e a experiência que as pescadoras aqui na região fizeram para a construção do Protocolo de Consulta das Águas, que é um instrumento para forçar o Estado a aceitar o posicionamento das comunidades. Foi importante também escutar as próprias pescadoras que apresentaram vários impactos e situações que elas vivenciam de violações de direitos, ao mesmo tempo também perceber a força e a organização dessas mulheres no Movimento, a riqueza produtiva e cultural que a gente tem visto na Feira como um todo”, destaca.

​A Feira seguiu funcionando a todo vapor com as barracas de produtos e alimentação, ao final, contou com uma apresentação cultural do grupo musical pé de serra, Espinho de Mandacaru. A Feira fecha um ciclo de atividades do Movimento das Marisqueiras de Sergipe e reafirma o compromisso com a luta pela vida, pelos territórios e pelas mulheres marisqueiras.

 

Programa Peac

O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.