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Trazidas pelas mãos das crianças de povos e comunidades tradicionais, as bandeiras dos movimentos, associações e organizações comunitárias presentes na abertura do XIII EPEAC, adornaram o centro do grande salão da plenária em meio a cantorias e gritos de ordem.
A clássica canção de trabalho intitulada Suíte do Pescador de Dorival Caymmi foi entoada por cerca de 200 pescadores e marisqueiras representantes das diferentes comunidades costeiras de Sergipe. Foram com os versos “Minha jangada vai sair pro mar...” que a mística de abertura apresentou a diversidade cultural dos povos tradicionais presentes no encontro e reuniu as principais lideranças para a composição da mesa de abertura.
Com cantorias e gritos de ordem, lideranças e comunitários realizaram a abertura do XIII EPEAC | Esdras Amaro
A mesa “Somos povos e comunidades tradicionais da zona costeira de Sergipe” foi formada pela representante Jilvanilda Santos, do Movimento de Marisqueiras de Sergipe (MMS), Izaltina Silva, do Fórum de Povos e Comunidades Tradicionais de Sergipe, Maria das Dores, do Observatório Social dos Royalties (OSR), Wellington Quilombola, representante do Movimento Quilombola de Sergipe e Neverton Cruz, conselheiro do Conselho Gestor.
Da esquerda para direita, Neverton Cruz, Wellington Quilombola, Izaltina Silva, Jivanilda Santos, Adriana Hora e Maria das Dores | Esdras Amaro
As falas das lideranças comunitárias exaltaram a luta dos povos tradicionais e a defesa histórica dos territórios pesqueiros. Para Wellington Quilombola, a luta do povo preto e quilombola é histórica e é ela que sustenta a identidade do país. “A nossa luta do povo preto e quilombola começa quando o primeiro navio negreiro chegou aqui nesse chão trazendo mestres, professores, professoras, lideranças e mulheres grávidas, jovens que vieram amarrados, acorrentados, para a partir daí construir essa nação que nos deve, essa nação deve muito ao povo que faz esse país, que toma conta desse país, que oferece essa cultura tão grandiosa e que dá forma ao que hoje é o Brasil”, explica.
Wellington Quilombola, liderança do Quilombo Porto D'Areia, em Estância | Esdras Amaro
Izaltina Silva, liderança de Brejão dos Negros e do Fórum de Povos e Comunidades Tradicionais, ressaltou a importância do trabalho secular de pescadores e marisqueiras para a defesa dos territórios. “A comida do povo da cidade depende do nosso trabalho porque é através dele que vem o peixe. Precisa da gente para pescar o peixe e pegar o marisco, por isso é importante defender os manguezais e nossos territórios”, explica.
De azul, Izaltina Silva entoa palavras de ordem | Esdras Amaro
Ainda segundo Izaltina, a presença dos grupos e manifestações culturais dos povos tradicionais de Sergipe que se apresentarão ao longo da programação do EPEAC, é fundamental para a manutenção dos modos de vida das comunidades. “A cultura é tudo que está dentro de nós. Porque nós só somos povos tradicionais porque nós temos uma cultura e um modo de vida, então nossa cultura nos acompanha em tudo que fazemos”, explica.
Reisado de Santa Luzia do Itanhi
Reisado Função da Belezinha, grupo cultural do povoado Crasto, de Santa Luzia do Itanhi| Esdras Amaro
Após a mesa de abertura, o Reisado Função da Belezinha, grupo cultural do povoado Crasto, de Santa Luzia do Itanhi, animou a noite cultural com o cortejo que arrastou dezenas de pessoas para brincar um dos mais importantes folguedos de Sergipe. Com passos coreografados, crianças, adultos e o famoso boi do Reisado, trouxeram ao palco do XIII EPEAC as belezas e sabedorias das manifestações dos povos e comunidades tradicionais.
XIII EPEAC
O XIII EPEAC iniciou na noite de ontem, 30, e vai até domingo, 2 de fevereiro. Temas como Transição Energética, Lutas e Resistências, Direitos Territoriais, Modos de Vida Tradicionais e a Assembleia das Crianças, farão parte de toda programação do encontro.
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.