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A menos de uma semana para a realização do XIII Encontro do PEAC, o Fórum de Base da região Sul realizado na última sexta, 24, no Quilombo Porto D’Areia, em Estância, marcou o encerramento do ciclo de atividades preparatórias para o EPEAC. Com mais de 30 participantes, o Fórum de Base da região Sul reuniu pescadores, marisqueiras e lideranças comunitárias dos municípios de Indiaroba, Santa Luzia do Itanhi e Estância. Através da metodologia da Autocartografia, as pessoas participantes puderam refletir sobre os problemas e ameaças aos territórios e traçar estratégias de luta para defendê-los.
Lideranças discutem ameaças ao território através da autocartografia | Esdras Amaro
Para Josineide Cruz, conselheira do Conselho Gestor, liderança do Movimento de Marisqueiras de Sergipe (MMS) e moradora do povoado Ouricuri, em Estância, o Fórum de Base possibilitou o compartilhamento de informação e conhecimento. “Hoje foi muito importante, a gente pode falar sobre as nossas dificuldades, sobre o descaso do poder público com os pescadores e marisqueiras. Hoje eu saio daqui com uma bagagem que eu vou levar para a reunião na minha comunidade. Seria ótimo que mais gente da minha comunidade estivesse aqui”, explica.
Realizado na Escola Estadual Gilberto Amado, o Fórum de Base da região Sul seguiu a metodologia dos fóruns anteriores, além de garantir a participação das crianças e adolescentes na Cirandinha Infantil. Para Welington Quilombola, liderança do Quilombo Porto D’Areia, o fórum serviu como espaço para antecipar e preparar as discussões que serão travadas no EPEAC. “Fico muito feliz que Porto D’Areia tenha sido a comunidade anfitriã do Fórum de Base. Eu avalio que foi um momento muito importante porque tivemos a oportunidade de antecipar algumas discussões que vão acontecer no EPEAC, além de termos a presença da ciranda que reuniu crianças e adolescentes aqui do Porto D’Areia. Então acredito que esse clima vai ser levado para o Encontro”, afirma.
À esquerda, Welington Quilombola, liderança do quilombo Porto D'Areia | Esdras Amaro
Segundo Filipe Marques, pesquisador do Conselho Gestor, a realização dos quatro fóruns de base cumpriu o objetivo de aproximar as lideranças do Conselho Gestor com suas bases, alimentando as possibilidades de resistência e luta. “Os fóruns de base cumpriram o seu papel porque promoveu uma aproximação do Conselho Gestor com as comunidades e suas bases e trouxe um diálogo mais próximo com os delegados que são os representantes locais e isso dá um grande impulso para o encontro. Os quatro fóruns demonstraram possibilidades de resistência, de luta e a compreensão sobre os impactos de cada comunidade, preparando as pessoas para o debate profundo que faremos no encontro”, explica.
Ciranda Infantil do PEAC
Crianças, cirandeiras e lideranças participam da Ciranda Infantil | Esdras Amaro
A Ciranda Infantil – proposta de atividade realizada com crianças e adolescentes e fruto da luta das mulheres marisqueiras (saiba mais aqui) – foi realizada em três dos quatro Fóruns de Base que ocorreram neste mês de janeiro. Além do trabalho desenvolvido com as crianças, a Ciranda realizada nos Fóruns promoveu também a formação de novas cirandeiras e cirandeiros, pessoas que cuidarão e acompanharão as atividades da Ciranda durante o EPEAC.
Segundo Vivian Catenacci, cirandeira, educadora social e representante da Associação Ciranda Criativa, a formação de cirandeiras é uma oportunidade para transformar as cirandas em ações cotidianas nas comunidades. “A gente precisa fomentar as cirandas no dia a dia da comunidade para que as mulheres possam participar dos espaços de decisão, elas precisam de momentos para se reunir, para tomar suas decisões e precisam estar tranquilas sabendo que as crianças estão num espaço destinados a elas. Nada melhor do que pensar essa ciranda nas comunidades através dos fóruns de base”, explica.
Vivian Catenacci em atividade na Ciranda Infantil | Esdras Amaro
XIII Encontro do PEAC
O XIII Encontro do PEAC (EPEAC) com data marcada entre os dias 30 de janeiro a 02 de fevereiro deste ano, reunirá cerca de 250 pescadores e marisqueiras do estado de Sergipe para discutir estratégias de defesa de seus territórios.
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.