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Um momento para celebrar e honrar a competência de saberes, fazeres, artes e cultura, dentro do contexto do conhecimento popular e tradicional, assim que aconteceu o “Encontro de Mestres e Amigos”, evento que marca o reconhecimento da comunidade acadêmica aos guardiões dos saberes ancestrais e tradições artísticas de Sergipe. O Grau de Mérito Universitário Especial no âmbito da UFS é concedido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) nas categorias Artes e Cultura Popular e Saberes e Fazeres.
Neste sentido, saudamos os Mestres Bruno Procópio Neto e o Mestre Umberto Catarino dos Santos, moradores da Ocupação da Prainha no bairro Industrial de Aracaju, reconhecida pela Câmara Municipal como Patrimônio Cultural e Imaterial desde o ano de 2023. A comunidade da Prainha existe há mais de 40 anos. É composta por famílias que residem na margem do rio Sergipe e que obtêm seu sustento através do trabalho com a pesca, com o artesanato e com a construção/reparação de embarcações, além de contribuírem para a preservação socioambiental desse Território.
“Esse prêmio ajuda a divulgar minha profissão, meu trabalho, então o sentimento é de muita felicidade em poder representar minha comunidade", afirma o Mestre Bruno emocionado. Mesmo com todos os ataques, multas infundadas e tentativas de despejo da comunidade ao longo dos anos, as famílias seguem firmes com suas tradições, fazendo os devidos enfrentamentos em conjunto com diversos parceiros e fortalecendo a organização popular pela garantia dos seus direitos.
Com seu Diploma Especial em mãos, o Mestre Umberto destaca a contribuição do Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU) e do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da UFS (Trapiche) nos processos de luta da comunidade. “A minha profissão não é vista em lugar nenhum, tanto faz a carpintaria naval ou a pescaria artesanal, não é respeitada. Mas agora eu estou aparecendo aqui na Universidade e isso inspira, sim, as pessoas da minha comunidade”, reflete o mestre ao lado de sua família.
Outra homenageada com o Título de Mestra em Saberes e Fazeres foi a Marisqueira e artesã Maria Açunção, da comunidade Terra Caída em Indiaroba. Integrante do Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS), ‘Suly’, como é conhecida, destaca a o orgulho que sentiu com o prêmio. “Tem um valor imenso! Acho que todas as artesãs e marisqueiras têm um sonho de ser reconhecida e esse evento vem para mostrar que todo sonho é possível”, conta. O ofício da mariscagem é cercado de desafios por conta dos avanços de empreendimentos capitalistas, destruição dos manguezais e a desvalorização do trabalho dessas pescadoras artesanais.
Mesmo diante desses desafios, Suly deixa um apelo para quem vive da pesca e da mariscagem: “Não desistam e não tenham vergonha de dizer que é pescador! Precisamos ter orgulho de nossas raízes e é com muita felicidade que hoje eu recebo esse título. Vamos conquistar nossos direitos cada dia mais!”, completa orgulhosa. Viva os Mestres e Mestras dos conhecimentos populares e tradicionais!