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Último dia do Seminário dos Royalties dialoga sobre resistência indígena, controle social e emergência climática

Dirigente do Movimento Indígena e Camponês de Cotopaxi (Equador), Cristina Chisaguano. Foto: Laura Malaquias

Em meio às canções que permeiam as lutas das comunidades e povos tradicionais de Sergipe, iniciou-se o segundo dia do V Seminário para o Controle Social dos Royalties de Sergipe. O auditório principal foi tomado por danças e sons de percussão que chamaram a atenção de todos ao centro do evento. Esse momento de interação e reconhecimento entre lutas foi percebido, sobretudo, no acolhimento dado aos convidados que compuseram os quatro grupos de discussão na programação de ontem (7).


Foto: Laura Malaquias

As atividades aconteceram paralelamente durante todo o dia e a metodologia dividiu o público em grupos rotativos que permitiram aos participantes o contato com os temas abordados. No primeiro espaço de discussão estiveram presentes a dirigente do Movimento Indígena e Camponês de Cotopaxi (Equador), Cristina Chisaguano, e o biólogo e ativista comunitário equatoriano Patricio Meza.

Patrício Meza e Cristina Chisaguano
Dirigente do Movimento Indígena e Camponês de Cotopaxi (Equador) Cristina Chisaguano. Foto: Laura Malaquias

A apresentação sócio-histórica dos dois convidados foi norteada pelo tema "Resistência Indígena e Camponesa ao Extrativismo Predatório no Equador", na qual expuseram as lutas contra a instalação da mineradora canadense La Plata em seu território, as repressões violentas do Estado Equatoriano e as vitórias obtidas através da organização popular.

A troca de experiências e de articulações políticas nesse primeiro grupo foi fundamental para compreender a proximidade das pautas vivenciadas por comunidades tradicionais latino-americanas. Entre as perguntas e as falas de reconhecimento dos membros, o ativista Patricio Meza enfatizou que "somente com a organização é que poderemos avançar".

O segundo grupo, intitulado "Crimes da Indústria do Petróleo: Cinco Anos do Crime do Petróleo nas Marés do Nordeste", foi composto por Cristiane Vieira, coordenadora do Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS) e Daniela Bento,  representante do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP).


Foto: Laura Malaquias

Ao explicar sobre a produção de petróleo dentro e fora do Brasil, as convidadas relembraram o ano de 2019 e a “lama tóxica” que atingiu diversas comunidades da pesca. Daniela Bento remontou com as marisqueiras e pescadores presentes, as primeiras horas do derramamento de óleo. “O que vocês estavam fazendo no exato momento em que descobriram essa tragédia?”

No terceiro grupo de discussão, o pesquisador Felipe Ferreira, integrante do projeto “De Olho na Cefem” - que analisa a destinação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral em alguns estados brasileiros - trouxe ao centro do debate, as metodologias de trabalho que realiza em municípios no Pará, para verificar onde estão sendo investidos os recursos oriundos da exploração de minérios. Com o tema  “Controle Social das Rendas do Petróleo e da Mineração: Quais os Caminhos Possíveis?”, a exposição de Ferreira despertou interesse das comunidades que fazem parte do Observatório Social dos Royalties, sobretudo do município Pirambu.

Felipe Ferreira, pesquisador do projeto "De olho na CEFEM". Foto: Laura Malaquias
Felipe Ferreira, pesquisador do projeto "De olho na CEFEM". Foto: Laura Malaquias

Já Jefferson Choma, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (USP), conduziu o quarto grupo a partir de uma pergunta feita por muitas pessoas: “O que está acontecendo com o nosso planeta?”. A emergência climática e os desastres ambientais extremos foram temas recorrentes durante as discussões desse grupo.


Jefferson Choma, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (USP). Foto: Laura Malaquias
                                                                              
Ao final do Seminário, houve uma plenária em que os convidados compartilharam as impressões pessoais acerca dos dois dias de atividades  e a noite foi marcada por uma roda de música, palavras de afirmação e despedidas que já anseiam por um novo encontro.

Programa Peac

O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.