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Com o objetivo de atualizar as linhas de trabalho do Observatório Popular das Violências pela vida das Mulheres de Povos e Comunidades Tradicionais de Sergipe, a equipe técnica realizou visitas em comunidades do litoral sergipano para escutar as demandas de saúde e cuidado das lideranças do Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS).
Através de círculos de diálogos, cadernos de saberes e memórias das marisqueiras, quatro encontros foram realizados nos povoados Pedra Furada, em Santa Luzia do Itanhi, Pontal, em Indiaroba, Aguilhadas, em Pirambu e Ouricuri, em Estância. Esses encontros, segundo a professora e pesquisadora Gislei Domingas, permitiram às lideranças do Movimento, o reconhecimento do cuidado mútuo entre mulheres para o enfrentamento das violências. “Muitas mulheres relataram que ao serem convidadas para o Movimento, tiveram medo de participar por conta das violências domésticas vividas, mas com o apoio das lideranças já existentes, passaram a confiar na sua condição de enfrentamento das violências. O Movimento, portanto, permite que as mulheres se reconheçam cuidando a partir do momento que são cuidadas”, explica.
A criação de espaços de saúde e cuidado entre mulheres marisqueiras e a elaboração cooperativa do conhecimento, são alguns dos eixos principais do Observatório que pretende, nos próximos anos, fortalecer as redes de diálogo e organização entre mulheres de comunidades e povos tradicionais. Para alcançar esses objetivos, o Observatório também tem trabalhado com a retomada da memória do Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS), fazendo um resgate da trajetória de suas lideranças para compreender os acúmulos existentes nos dez anos de movimento.
Segundo, Cristiane Dias, liderança do MMS, a constituição desses espaços permitem a percepção coletiva “do quanto cada mulher tem um papel importante no movimento e o quanto cada uma, com suas particularidades, contribuem para o crescimento de todas e juntas fazem a diferença”, explica.
Além dos relatos compartilhados sobre situações de violências domésticas – comum às mulheres marisqueiras -, outras violências também foram apontadas, como as violências de gênero e raça. O que está no cerne das ações do Observatório e no comprometimento do Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS) é o desenvolvimento do cuidado “por uma perspectiva coletiva através de uma dimensão histórica, política e afetiva de como as mulheres se transformam na luta por territórios de vida e por uma transformação nas relações de equidade”, explica Gislei.
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.