Conselheiros participam de intercâmbio em reserva extrativista no estado do Pará

• Por PEAC
• 28-08-2015

Nos dias 19 e 20 de agosto os conselheiros do PEAC Elisângela Santos, Osvaldo Gomes, Maria José Santos, Grimaldo Campos, João dos Santos, Maria Elisabete Santos, Maria Adelvan de Jesus, Marcelo Gonçalves e Maria Selma Santos, além de membros das equipes técnicas da UFS e Petrobras, estiveram envolvidos em diversas atividades com o objetivo de conhecer a experiência de gestão e organização comunitária da na Reserva Extrativista Marinha Mãe Grande de Curuçá, que possui cerca de 37 mil hectares, situada a 130 km de Belém, capital do Pará.

Na casa do Pescador os conselheiros interagiram com o presidente da AUREMAG e esclareceram dúvidas sobre os diversos aspectos que compõem a resex

Cumprindo o cronograma de intercâmbios previsto para o Conselho Gestor, no dia 19, acompanhados pelo analista ambiental Valmir Mário Alves Lima Júnior, do Instituto Chico Mendes (órgão federal responsável pela gestão das resex), os conselheiros conversaram sobre a mobilização comunitária que culminou na criação da reserva marinha e sobre a realidade dos ribeirinhos que vivem em seu entorno.

Por meio do atual presidente da associação gestora da resex, os conselheiros conheceram a experiência da organização da reserva de Curuçá

Nesse mesmo dia os conselheiros se reuniram com o presidente da AUREMAG – Associação dos Usuários da Reserva Extrativista Mãe Grande De Curuçá, Alciney Negrão Flesha, responsável pelo gerenciamento da reserva. Já na comunidade de Caratateua, ouviram de Manoel Gomes, o “Maninho”, as experiências e dificuldades enfrentadas na formação da reserva, enquanto em Curuperé tiveram contato com o pescador Nilson Nascimento, o “Nilson Gordo”, que realiza um trabalho de revitalização das margens do Rio Curuçá através do replante do mangue.

O “Maninho” falou aos conselheiros sobre a experiência da formação da resex e as dificuldades da primeira gestão

A conselheira Elisabete Santos, que reside na Ilha de Mem de Sá (Itaporanga D’Ajuda), relacionou essa última experiência com a realidade de sua comunidade. “Os pescadores da minha comunidade que usam a rede de arrasto tem o costume de cortar o manguezal e por isso hoje está degradado. Com isso vamos tentar reunir um grupo para realizar o plantio”, disse a conselheira após conhecer a experiência de Curuçá.

Conselheiros em momento de conversa com o pescador Nilson sobre o replante do mangue

Segundo dia de visita

Na manhã do dia 20, os conselheiros estiveram nas praias de Areia Branca, Pachicú e do Arrombado. Durante as visitas eles conversaram com pescadores locais sobre a escassez do pescado, os desafios de organização comunitária para gestão do território e sobre os impactos negativos do projeto de construção de um grande porto off-shore. Nomeado Espadarte, o porto será instalado na praia da Romana, importante ponto turístico e pesqueiro do município, e é antagônico aos interesses das comunidades pesqueiras da reserva.

Conselheiros em visita à praia de Areia Branca e locais de replantio de mangue, realizado pelo pescador Nilson e sua família

O intercâmbio foi finalizado com um bate papo com Dona Elza, uma das pioneiras na criação da Associação dos Aquicultores da Vila de Lauro Sodré (Aquavila), organização voltada para o cultivo de ostras. Atento aos aspectos sociais, o conselheiro Grimaldo Santos Campos comentou as condições de habitação e transporte de Curuçá. “A cidade tem muita casas de taipa. Eles poderiam, através da resex, buscar projetos para melhorar as condições de moradia. O transporte também é bastante precário”.

Conselheiros e equipe técnica em momento de interação com os pescadores na praia de Pachicú

O analista ambiental Valmir Mário Alves Lima Júnior, do Instituto Chico Mendes, acompanhou o intercâmbio e esclareceu os questionamentos dos visitantes

Já a técnica Elaine Souza, que atua junto ao Conselho Gestor, destacou a percepção dos conselheiros quanto às dificuldades ali enfrentadas, como a diminuição do pescado. “Eles não têm acesso ao seguro defeso e sofrem com a falta de fiscalização das áreas da resex, o que possibilita a pesca proibida e o aumento da degradação ambiental”, comentou.

O conselheiro João dos Santos no momento da visita à praia do Arrombado

Na visão da técnica Leda Barbosa, da equipe da Petrobras, a visita permitiu aos conselheiros conhecer de perto um território pesqueiro protegido. . “A ida à Resex Mãe Grande de Curuçá foi gratificante por termos tido a oportunidade de saber mais sobre as conquistas da organização dos pescadores e marisqueiras, mas também sobre as limitações e os desafios que eles enfrentam em seu dia a dia”, disse.

Em uma roda de conversa na casa de Dona Elza, na Vila de Lauro Sodré, os conselheiros conheceram a experiência da Aquavila, uma organização voltada para o cultivo de ostras

Como desdobramento da visita, os conselheiros participantes do intercâmbio vão se reunir em um grupo de trabalho para avaliar e discutir os principais temas abordados e os resultados serão apresentados na reunião do Conselho Gestor do mês de setembro.