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Nove conselheiros do PEAC participaram do intercâmbio realizado na Reserva Extrativista da Prainha do Canto Verde, localizada no município de Beberibe, no Ceará. Ocorrida nos dias 16 e 17 de setembro, a atividade encerra os intercâmbios previstos para o grupo completo de conselheiros do PEAC em 2015.
Os intercambistas durante passeio nas dunas da Reserva da Prainha do Canto Verde
Hospedados na casa de comunitários, os conselheiros assistiram de perto a rotina da comunidade, formada essencialmente por pescadores. A proximidade possibilitou a eles acompanhar o ritual de chegadas e partidas das jangadas, conhecer de perto os tipos de pescados da região, os benefícios e dificuldades de viver em uma área de proteção permanente, além de serem informados sobre curiosidades da cultura local.
Conselheiros em conversa informal com um pescador da região
No primeiro dia da visita, os conselheiros puderam conhecer a história da criação da reserva, as principais dificuldades e os benefícios adquiridos com a delimitação da área. Reunidos com o presidente da Associação de Moradores da Prainha do Canto Verde, Lindomar Fernandes de Lima, e com a liderança comunitária René Scharer, eles também puderam conhecer o histórico da associação e dos conselhos de turismo comunitário e de saúde e educação a ela atrelados.
Reunião realizada na sede da Associação local
Ainda nesse dia aconteceu um bate papo com a representante do Conselho de Turismo Comunitário, Maria do Carmo. Ela explanou sobre a organização do grupo, sobre o fluxo da hospedagem nas pousadas cadastradas e associadas. Falou também sobre o grupo de alimentação, responsável pela organização e preparação das refeições para grupos com mais de 30 pessoas que visitam a reserva.
“A experiência foi muito boa porque observamos como os pescadores desenvolvem o turismo comunitário em alternativa à pesca da lagosta, que está em baixa. A organização se dá de tal forma que os visitantes dormem e tomam o café da manhã em um local e almoçam em outro”, relatou o conselheiro do PEAC por Aracaju, Luciano Valério, um dos participantes do intercâmbio.
Conselheiros, representantes da UFS, Petrobras e da associação comunitária local em momento após a roda de conversa
A técnica que executa as atividades no projeto de assessoria ao conselho gestor do PEAC, Ana Régia Oliveira, ressaltou a organização e capacidade de mobilização das comunidades da reserva. “Destaco a organização para a exploração do turismo comunitário e sustentável, indo na contramão da especulação imobiliária, como um importante ponto. Outro fato a ser exposto é que a luta das comunidades não para, mesmo com a criação da reserva, e isso foi importante, pois Sergipe está na iminência da implantação de uma reserva no litoral sul do estado”.
Segundo dia
As atividades do segundo dia de atividades foram marcadas pela visita ao assentamento Coqueirinho, no município de Fortim. Lá os visitantes percorreram uma trilha pela mata nativa da região, onde conheceram a vegetação típica e toda a história de preservação do local. A seguir, os conselheiros conversaram com lideranças sobre a história do assentamento e as lutas para a conquista das terras. Outra trilha foi realizada na Prainha do Canto Verde, onde um guia local apresentou parte da área da reserva.
O guia Messias conduziu os visitantes durante a caminhada na mata nativa da região
O conselheiro por Jandaíra, João Batista Alves de Oliveira, considerou a experiência da trilha importante pelo aprendizado construído a partir dos relatos das experiências dos moradores da região, além de aspectos do ecossistema local. “Pudemos conhecer várias árvores nativas, como as espécies de Massaranduba, e a existência do lençol freático ainda preservado abaixo da trilha”, disse João.
Visitantes em contato com a mata nativa da região
Além dos já citados Luciano Valério e João Batista, participaram do intercâmbio os conselheiros Luiza Maria Dórea (Itaporanga D´Ajuda), Maria Josiete dos Santos (Pacatuba), Maria Margarete Santa Rita (Barra dos Coqueiros), Assilene Tavares (Indiaroba), Raimundo Conceição (Santa Luzia do Itanhi), Humberto Alves dos Santos (Conde-BA), José Oliveira dos Santos (Estância), além de parte da equipe técnica da Universidade Federal de Sergipe – UFS e da Petrobras.
Turismo comunitário
As redes de turismo comunitário no Brasil tiveram suas primeiras experiências no Ceará nas comunidades de Prainha do Canto Verde, em Beberibe, e Casa Grande do Homem do Cariri, em Nova Olinda. No ano de 2008, o turismo de base comunitária foi consolidado e recebeu o apoio do Ministério de Turismo para articulação da rede nacional de turismo comunitário (TURISOL) e o fortalecimento da Rede Cearense de Turismo Comunitário – TUCUM.
As comunidades Prainha do Canto Verde e o Assentamento Coqueirinho fazem parte da Rede TUCUM, que capacita os comunitários filiados e dão o suporte necessário para que eles possam trabalhar o turismo comunitário.
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.