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Marisqueiras de 14 comunidades envolvidas no PEAC participaram do II Encontro Inter-Regional das Marisqueiras com a proposta de discutir a luta das trabalhadoras da pesca e a formação do movimento das marisqueiras de Sergipe. O evento foi realizado em Aracaju nos dias 17 e 18 de outubro de 2015.
Marisqueiras em momento de credenciamento do II Encontro
As 85 mulheres puderam trocar experiências entre si e com os representantes do Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Brasil. As representantes do MPP Marizélia Lopes, também conhecida como “Nega”, e Maria da Conceição Alcântara falaram na primeira mesa sobre a atual situação do Brasil e os impactos para os trabalhadores da pesca, como o fim de direitos conquistados.
“Nega” apresentou as principais preocupações e lutas dos pescadores e pescadoras do Brasil
A marisqueira e componente da comissão organizadora do Encontro, Maria Valquíria Ribeiro, destacou a importância da primeira mesa. “A fala de “Nega” nos incentivou a buscarmos os nossos direitos, como o seguro defeso. Não precisamos ficar cativos na Colônia de Pescadores e a mercê do presidente”.
As marisqueiras participaram ativamente de todas as atividades do Encontro
Para “Nega” o objetivo de participar do encontro é unir forças. “O movimento nacional visa o crescimento da organização e para nós o crescimento da organização é ter mais estados unidos a luta. Então, ter as pescadoras de Sergipe na luta é muito importante”.
O Encontro reuniu 85 mulheres de 14 comunidades costeiras de Sergipe
Segundo Dia
O dia 18 foi voltado para a discussão sobre a construção do Movimento Estadual das Marisqueiras. As mulheres passaram por um momento formativo com o gestor de Cooperativas e colaborador do MST, Daniel Nakabayashi, que relata as temáticas abordadas no momento. “Primeiro buscamos firmar a identidade de classe, segundo os objetivos e a pauta de um Movimento Social. As diferentes formas de manifestação, reivindicação, como ele pode e deve se organizar em torno de sua pauta e suas articulações estratégicas e táticas”.
Com o gestor de cooperativas e colaborador do MST, Daniel Nakabayashi, as mulheres discutiram pontos importantes para a formação do Movimento Estadual das Marisqueiras
De acordo com Ana Rute Santos, que também integra a comissão, “o debate foi maravilhoso porque foram discutidas coisas importantes. No primeiro encontro começamos a dar os primeiros passos e este segundo tem sido maravilhoso. Só nos resta dar um passo à frente e caminharmos sozinhas e colocarmos em prática tudo o que temos aprendido”.
Através das atividades em grupo as mulheres puderam discutir a estruturação do movimento
As marisqueiras desenvolveram trabalhos em grupos para apresentar propostas de estrutura, alianças, estratégias e agendas de atos políticos. Os trabalhos foram finalizados após deliberação sobre a formação do movimento, com destaque para a definição da sua estrutura. Como passo seguinte, para 2016, deverá ocorrer o processo de eleição para a criação das Comissões que desenvolverão as atividades necessárias à fundação do Movimento Estadual das Marisqueiras de Sergipe, prevista para 5 de julho.
Sugestões levantadas no trabalho em grupo foram apresentadas para a plenária
Para a coordenadora das atividades desenvolvidas pela Universidade Federal de Sergipe, Nailsa Araújo, este é o momento de culminância de um trabalho que vem sendo elaborado há algum tempo. “É uma tentativa nossa, e uma estratégia por dentro do PEAC, de organizar essas mulheres, de fazer elas se enxergarem enquanto trabalhadoras da pesca, observarem essa identidade comum e se unirem em defesa de seus direitos ao território, seu lugar de moradia e de trabalho. Este evento é emblemático no sentido de afirmar a culminância de um processo longo que gerou um fruto que esperávamos: que elas se organizassem”, enfatiza Nailsa.
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.