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No último sábado, 7 de maio, representantes das mulheres marisqueiras de Sergipe estiveram no Parque da Cidade, em Aracaju, para planejamento das ações da comissão articuladora do Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS).
Com participação de dez mulheres marisqueiras de oito comunidades da área de abrangência do PEAC – Muculanduba, Tibúrcio, Porto do Mato, Mosqueiro, Bairro Industrial, Terra Caída, Indiaroba, Pedra Furada, Santa Luzia do Itanhi e Rita Cacete – as pescadoras artesanais discutiram formas de articulação diante das diferentes realidades vividas e definiram agenda de atividades para os próximos períodos.
Durante todo o mês de maio e junho, as pescadoras artesanais trabalharão em grupos de base no planejamento das reuniões eletivas das coordenações locais, com início marcado para julho. Essas atividades, fazem parte do processo de construção do movimento e estruturação de suas bases e lideranças.
Para Ticiane Pereira, técnica responsável pelo Projeto de Organização e Fortalecimento Sociopolítico das Marisqueiras no Litoral de Sergipe, a reunião permitiu dar mais um passo na organização das mulheres. “O desafio maior está na mobilização das diversas mulheres marisqueiras do estado de Sergipe. A cada reunião, damos um passo a frente nas articulações, visando o fortalecimento de um movimento que seja capaz de lutar pelos direitos e por melhores condições de trabalho das marisqueiras”, explica.
As ações executadas seguem os desdobramentos das metas estabelecidas no II Encontro Inter-Regional das Marisqueiras, que ocorreu em outubro de 2015 e reuniu mais de 80 mulheres marisqueiras das 14 comunidades envolvidas na área de abrangência do PEAC.
Condições de trabalho e o Movimento das Marisqueiras
Quem encontra os mariscos e crustáceos em restaurantes espalhados pelo estado de Sergipe, não imagina os problemas vivenciados pelas marisqueiras. Desde a cata até a comercialização, o trabalho é subjugado e não possui legislação específica que regulamente e garanta melhores condições.
Estima-se hoje, a existência de mais de 300 mulheres marisqueiras no estado de Sergipe. A maioria trabalha em condições precárias na captura e beneficiamento de mariscos e crustáceos, e na filetagem e beneficiamento do camarão de sete barbas. As marisqueiras que desenvolvem atividades no mangue, no rio ou no mar, ficam expostas ao sol e às doenças. Muitas delas, para se verem livres dos mosquitos, utilizam querosene no lugar de repelentes, ocasionando sérias conseqüências.
Já as marisqueiras que executam atividade da filetagem do camarão, passam horas sentadas em bancos improvisados, em lugares que não possuem condições apropriadas de trabalho.
Ana Elísia, da comunidade de Terra Caída, município de Indiaroba, aponta a necessidade de articulação das mulheres e fortalecimento do Movimento. “Precisamos estar juntas porque passamos por diversos problemas. Quem come os mariscos pouco sabe das dificuldades e riscos que enfrentamos. O movimento vai nos dar força pra exigir os nossos direitos”, afirma.
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.