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Marisqueiras debatem filme No Rio e No Mar em oficina de Educomunicação

  • 03-10-2016

Com direção dos holandeses Jan Willem Den Bok e Floor Koomen, o documentário No Rio e no Mar foi lançado, para todo público, no último dia 26. O filme retrata a vida das pescadoras e pescadores de Ilha de Maré contra a poluição química causada pela Petrobras e outros empreendimentos petroquímicos.

A primeira exibição do filme aconteceu em março deste ano no 18a edição do Festival de Cinema da Anistia Internacional, “Movies that matter”, na cidade de Haia, na Holanda. As filmagens, gravadas em 2014 e 2015, acompanham as pescadores e lideranças do Movimento de Pescadoras e Pescadores (MMP), Eliete Paraguaçu e Marizelia Lopes, “Nega”, como é conhecida, nas tentativas de denunciar a poluição causada pela Petrobras na Baía de Todos os Santos.

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As marisqueiras assistiram o filme atentamente

O filme também mostra as conseqüências do acidente com o navio Golden Miller que espalhou, em 2013, uma mancha de óleo na Baía de Todos os Santos atingindo a Ilha de Maré. Problemas de pele e altos índices de chumbo no organismo das crianças revelam as seqüelas trazidas pelos empreendimentos.

Marisqueiras

Após exibição, as marisqueiras discutiram sobre a situação de Ilha de Maré e as dificuldades enfrentadas pelas pescadoras. Muitas das marisqueiras relataram a precarização do trabalho na mariscagem. Se na Baía os problemas são causados pela poluição química, em Sergipe, os problemas apresentam-se a partir da especulação imobiliária e da privatização das águas e dos mangues.

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As marisqueiras discutiram a situação de Ilha de Maré e as dificuldades enfrentadas pelas pescadoras

Diante da ameaça vivida por centenas de pessoas, somente a mobilização e a luta por direitos apresentam-se como saídas para o problema de Ilha de Maré. A importância do Movimento de Pescadoras e Pescadores (MMP) em defesa dos territórios pesqueiros como apresentada no filme, reforçaram, igualmente, a necessidade de construção do Movimento das Marisqueiras de Sergipe (MMS).

Diário de uma Marisqueira

Como continuidade da primeira oficina de Educomunicação ministrada pelo comunicador social Pedro Alves, as marisqueiras também apresentaram, nesta segunda oficina, os primeiros textos escritos nos diários. As nove marisqueiras presentes na oficina, trouxeram histórias que urgem no cotidiano dos povoados de Muculanduba, Mosqueiro, Terra Caída, Bairro Industrial, Pedra Furada, Porto do Mato e Tibúrcio.

A diversão em catar massunim, a solidariedade com a tartaruga que surge nas margens da maré ou a satisfação em coletar quilos e mais quilos de mariscos para o sustento da família, são exemplos das histórias compartilhadas. Logo abaixo, transcrevemos o texto da marisqueiras Valquiria, da comunidade de Muculanduba.

20161004_083256“Meu dia de marisqueira

Acordo 5 horas pra adiantar o café e o almoço da família. Seis horas vou em direção a maré catar meus mariscos. Ao sair da pescaria vamos nos acampar e juntar o fogo para assar o pescado para comer que é a melhor parte. Voltando para casa para beneficiar o pescado para vender. E aí pergunto: minha filha, tem novidades? Sim, passou o homem do sururu perguntando se tinha sururu, eu falei que só amanhã a tarde.”

 

Programa Peac

O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) incentiva o fortalecimento dos Territórios de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais. A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.